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terça-feira, 14 de junho de 2011

Stress Infantil

Agenda cheia infantil

por Sylvio Netto

Balé, inglês, futebol... Quais os riscos de impor uma rotina com mil tarefas aos filhos?
Não é privilégio dos adultos ter uma vida cheia de atividades. Nos dias de hoje é comum as crianças terem que cumprir uma rotina para lá de puxada. Além das muitas tarefas da escola, pais querem que os filhos utilizem as suas horas vagas para se aperfeiçoarem e frequentar cursos dos mais diversos: inglês, música, balé, judô, futebol. A agenda está tomada a semana toda. O resultado? Crianças que sofrem com os sintomas do mal do século, o estresse, e que podem desenvolver sérios problemas de aprendizado.





Ócio criativo



Nos grandes centros urbanos, é natural que os pais com agendas muito cheias transfiram suas pesadas jornadas para os filhos. Assim, na opinião deles, ninguém fica ocioso. "O primeiro risco que o excesso de atividade causa é o cansaço físico. A criança passa a render menos em tudo o que faz e o objetivo de ocupar o tempo tem um resultado inverso ao pretendido", diagnostica a psicóloga da UERJ Maria Luiza Bustamante.



A exaustão é o principal inimigo do estímulo ao desenvolvimento infantil. "O pai deve lidar com os limites dos filhos com cuidado. Ele não pode pensar que, por se tratar de uma criança, terá energia para tudo", lembra a psicóloga Angela Villela. Para Bustamante, as atividades devem ser planejadas em grupos e de maneira alternada, com o objetivo de atender a demandas intelectuais e físicas, além de sobrar tempo paras as brincadeiras. "É bom que existam dois dias para que a criança tenha uma tarde e uma noite livres para fazer o que está com vontade, por exemplo", ensina.



O ócio é vital para desenvolver a capacidade lúdica e estimular a criatividade da criança, segundo a psicóloga Triana Portal da Clínica Espaço de Saúde Morumbi, em São Paulo. "Agenda cheia não combina com a infância. Brincar, fantasiar e imaginar são fundamentais para o desenvolvimento infantil. As crianças precisam deste tempo até para relaxar e cultivar as suas individualidades", pondera a psicóloga. "O excesso de compromissos acaba inibindo a criatividade. A criança tem que ter o próprio tempo para pensar, ocupar, raciocinar e tirar as suas próprias conclusões. Fora o direito de gastar a energia da maneira que bem entender", complementa.



Estresse infantil



Apesar de pequenos e cheios de energia, o acúmulo de responsabilidades pode causar estresse infantil. "A criança vai perder o foco e pode se tornar um indivíduo generalista, que conhece muitos temas, mas domina poucas coisas de maneira profunda. O comportamento muda: fica estressada, tem dificuldade de se relacionar, chora por qualquer coisa, tem pesadelos e até mesmo a enurese noturna (perda involuntária de urina durante o sono)", explica a psicóloga. Ela alerta para os casos mais extremos, que podem levar a distúrbios de aprendizado. "O cansaço compromete a concentração, fundamental para aprender", afirma.



Fugir do trânsito



Concentrar tudo dentro de uma mesma instituição pode ser uma solução prática. "O leva e traz consome as energias da criança e ela pode começar a pensar que a casa não passa de um hotel, um local apenas para dormir. Por isso, é muito importante a companhia dos pais e filhos dentro de casa, mesmo sem nada para fazer, apenas para reforçar o conceito de lar. Isso é muito mais edificante do que qualquer atividade extracurricular", recomenda.



É também essencial, na escolha das tarefas, ouvir a voz dos pequenos e perceber seus interesses, sem transferir os anseios paternos para eles. "Identificar o temperamento e o jeito de ser dos seus filhos vai levá-los a não se estafarem com determinada atividade extra. O correto é adequá-la para o talento individual, evitando algo que não os agrade. E não tentar criar superfilhos", encerra.


http://msn.bolsademulher.com/familia/agenda-cheia-infantil-106466.html

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